Ápice - Mário de Sá-Carneiro


O raio do sol da tarde  
Que uma janela perdida
Refletiu
Num instante indiferente — 
Arde, 
Numa lembrança esvaída, 
À minha memória de hoje 
Subitamente...

Seu efêmero arrepio 
Ziguezagueia, ondula, foge, 
Pela minha retentiva...
— E não poder adivinhar
Porque mistério se me evoca
Esta ideia fugitiva,
Tão débil que mal me toca!...

— Ah, não sei porquê, mas certamente 
Aquele raio cadente 
Alguma coisa foi na minha sorte 
Que a sua projeção atravessou... 

Tanto segredo no destino de uma vida...

É como a ideia de Norte,
Preconcebida, 
Que sempre me acompanhou...


(Mário de Sá-Carneiro )

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