Ainda que mal - Carlos Drummond de Andrade


Ainda que mal pergunte,
ainda que mal respondas;
ainda que mal te entenda,
ainda que mal repitas;
ainda que mal insista,
ainda que mal desculpes;
ainda que mal me exprima,
ainda que mal me julgues;
ainda que mal me mostre,
ainda que mal me vejas;
ainda que mal te encare,
ainda que mal te furtes;
ainda que mal te siga,
ainda que mal te voltes;
ainda que mal te ame,
ainda que mal o saibas;
ainda que mal te agarre,
ainda que mal te mates;
ainda assim te pergunto
e me queimando em teu seio,
me salvo e me dano: amor.

(Carlos Drummond de Andrade)

Tempo de amor - Vinícius de Moraes


Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar

Ah, bem melhor seria
Poder viver em paz
Sem ter que sofrer
Sem ter que chorar
Sem ter que querer
Sem ter que se dar

Mas tem que sofrer
Mas tem que chorar
Mas tem que querer
Pra poder amar

Ah, mundo enganador
Paz não quer mais dizer amor

Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais

O tempo de amor
É tempo de dor
O tempo de paz
Não faz nem desfaz

Ah, que não seja meu
O mundo onde o amor morreu

Ah, não existe coisa mais triste que ter paz
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais
E se arrepender, e se conformar
E se proteger de um amor a mais

Vinícius de Moraes

O paradoxo do avô — A ciência dos super-heróis (Trecho)

    Em "Even the Heir" [Até o herdeiro], publicada em Weird Science nº16, novembro-dezembro de 1952, o personagem principal, Seymour, mistura viagem no tempo e assassinato numa trama bizarra para ficar rico rapidamente. Como se trata de uma história da EC, as coisas não saem do modo como Seymour planejou, e no fim acaba literalmente sem nada. Contudo, a ideia da história nos fornece coisas de sobra para discussão.
    O paradoxo do avô é um dos temas mais populares da viagem no tempo da ficção científica. É também a única objeção à possibilidade de uma verdadeira viagem no tempo. E, estranhamente, a única resposta que parece atender ao dilema do paradoxo do avô está exatamente na ficção científica.
    Em termos mais simples, o paradoxo do avô pergunta: o que aconteceria se um homem construísse uma máquina do tempo, viajasse no passado e matasse seu avô antes de este se casar?
    A resposta mais simples, a utilizada em "Ever the Heir", é que esse homem deixaria de existir. Se ele voltasse no tempo e matasse seu avô antes de este se casar, então seu pai (ou mãe) não teria nascido. Não é preciso dizer que, sem seu pai ter nascido, ele também não teria. Ao matar seu avô, o assassino teria cometido suicídio — ou não?
    Se o nosso assassino matou seu avô antes de este se casar, o assassino nunca existiu. Se ele nunca existiu, como pode então fazer alguma coisa? Se não existiu significa que ele nunca fez nada, portanto seu avô não foi assassinado. Mas, se seu avô não foi assassinado e se casou, o nosso assassino nasceu, e seu avô foi assassinado.
    Em suma, construir uma máquina do tempo e viajar ao passado cria um paradoxo. Os paradoxos do tempo são bem irritantes, pois não têm uma solução simples. Nas mãos de um escritor e lógico habilidoso, os paradoxos do tempo são de enlouquecer. A que talvez seja a melhor a história de viagem no tempo já escrita, "All You Zombies", de Robert A. Heinlein, mostra uma personagem, Jane, que, através de desventuras no tempo, acaba se tornando igualmente seu próprio pai e sua mãe, bem como todos os demais personagens da história.
    Muitos cientistas acham que o paradoxo do avô e paradoxos de viagem no tempo semelhantes demonstram claramente que a viagem no tempo é impossível. Entretanto, há pelo menos uma teoria razoavelmente polêmica que afirma o contrário. Proposta em 1957 por Hugh Everett III e mais recentemente advogada por David Deutsch, essa teoria oferece uma alternativa simples aos paradoxos das viagens no tempo. É conhecida como a Interpretação dos Mundos Múltiplos da Mecânica Quântica.
    De acordo com a teoria de Everett, sempre que existem possibilidades múltiplas em eventos quânticos, o mundo (por "mundo" nos referimos a todo o universo) se divide em muitos mundos, um para cada possibilidade. Cada um desses mundos ou realidades é tão real quanto o original e existe simultaneamente com o primeiro, enquanto permanece inobservado por qualquer um dos outros.
    Em termos simples, a teoria dos mundos múltiplos argumenta que, para cada efeito possível de cada decisão já tomada, existe uma realidade alternativa. Essas realidades alternativas formam o que Everett chamou de multiverso. Por exemplo, enquanto lê este capítulo você pode resolver fazer um lanche. Procura no armário e encontra pipoca e batata frita. Pega a pipoca. Está é uma realidade. Ao mesmo tempo, outra realidade passa a existir, na qual, em vez da pipoca, você pegou a batata frita. Uma terceira realidade também é criada, na qual você pega tanto a pipoca quanto a batata. E, é desnecessário dizer, emerge uma quarta realidade, na qual você muda de ideia e decide não fazer uma boquinha.
    Numa escala maior, existe uma realidade na qual a Alemanha venceu a Segunda Guerra Mundial. Existe outra realidade na qual Hitler não nasceu. Existe uma realidade na qual os Estados Unidos nunca entraram na guerra. Existem realidades para qualquer ramificação da história, não importa se foi tomada uma pequena ou grande decisão. Com cada realidade se ramificando exatamente como a primeira, cada decisão tomada no mundo alternativo leva a mais mundos alternativos. O multiverso de Everett expande-se como os galhos de uma enorme árvore. É uma cosmologia na qual tudo que pode acontecer acontece em algum lugar.
    De que modo o multiverso de Everett se liga aos paradoxos da viagem no tempo? A teoria dos mundos múltiplos postula que sempre que um acontecimento é modificado, uma nova realidade é criada. Se um acontecimento passado é mudado por um viajante do tempo, não é criado nenhum paradoxo, pois o viajante se encontra numa nova realidade que seus atos acabaram de criar. Ele deixou sua realidade original e entrou numa nova.
    Por exemplo, no paradoxo do avô, um homem volta no tempo e mata seu avô. Numa realidade de mundo único, esse assassinato cria um paradoxo. Numa realidade de mundos múltiplos, uma nova realidade é criada pelo assassino. Esta se torna uma realidade na qual o assassino não nasceu. O nosso assassino passou de uma realidade para outra, uma realidade que ele criou. Se ele viajar para o ano do qual partiu, não encontrará vestígios de sua existência. Mas isso não importa, pois ele não veio realmente desse universo, mas de um alternativo. Ele fez com que a sua realidade se ramificasse e, portanto, não há paradoxo possível.
    A teoria dos mundos múltiplos é polêmica e não é aceita por muitos físicos. Nada dela, porém, contradiz qualquer uma das leis básicas do universo. No mínimo, os mundos múltiplos explicam alguns dos problemas mais incômodos que ainda existem na teoria quântica. Trata-se de uma ideia fascinante, principalmente porque tem sido o elemento principal da ficção científica desde que foi escrita a primeira história sobre universo paralelo em 1919. É também matéria-prima dos gibis de ficção científica. Talvez a melhor história de revistas em quadrinhos sobre mundo alternativo tenha sido publicada em Weird Fantasy nº20, de julho-agosto de 1953, intitulada "— For Us the Living" [ — Pór nós, os vivos]. Conta a história de um inocente turista do futuro que queria ver o maior estadista da história, mas, acidentalmente, desencadeia a série de acontecimentos que levam ao assassinato de Abraham Lincoln. É uma perfeita demonstração de como até mesmo as melhores intenções podem causar terríveis resultados quando combinadas com viagem no tempo e realidades alternativas.
     A narrativa serve, principalmente, como um perfeito exemplo de como ciência e ficção científica, personagens e trama, juntamente com um excelente desenho e um senso de estilo podem contar uma ótima história de modo divertido, que é o papel dos gibis.

Capítulo retirado do livro: A ciência dos super-heróis (de Lois Gresh e Robert Weinberg).
Capítulo 10/ Mistérios no espaço: super-heróis da ficção científica/ O paradoxo do avô/ Página 180.

Ler romance altera seu cérebro

 

    Altera para melhor, claro. Ler faz com que seu cérebro fique mais ágil na arte de compreensão do texto e ainda te transporta para dentro do corpo do protagonista. Transporta de verdade, biologicamente, como se você estivesse nadando, correndo ou fugindo.
    Para descobrir, os pesquisadores da Universidade Emory convidaram 19 voluntários para o teste. Durante cinco dias, eles escanearam o cérebro de todos. A partir do sexto dia, os participantes começaram a leitura de Pompeii, de Robert Harris. Ao longo de nove dias todos tinham de ler 30 páginas por noite — e eles eram cobrados: para provar que liam mesmo, respondiam diariamente a questionários sobre a obra do autor inglês. E, todas as manhãs, eles tinham de ir até o laboratório para tirar imagens do cérebro. Ao fim do período de leitura, os cientistas ainda pediram a eles para que voltassem por mais cinco dias, para escanear outra vez o cérebro.
    Bem, a maratona de exames de ressonância magnética serviu para mostrar o que acontece no cérebro de quem lê. Há um aumento entre as conexões no córtex temporal esquerdo, associado à capacidade de compreensão da linguagem, Mudanças em outras conexões sugerem ainda que o cérebro do leitor, durante um pensamento sobre a ação (durante ou após a leitura de um trecho), imite essa conectividade, como se a ação real. Ou seja, o simples fato de pensar em nadar, correr, ou pular pode desencadear as mesmas conexões neurológicas que uma atividade física.
    "As alterações neuronais que descobrimos associadas com a sensação física e os sistemas de movimento sugerem que ler um romance pode transportar você para o corpo do protagonista", explica Gregory Berns, um dos autores da pesquisa. "Nós já sabíamos que boas histórias podiam colocar você no corpo de alguém, no sentido figurado. Agora estamos vendo que alguma coisa pode estar acontecendo biologicamente".
    Os pesquisadores só não sabem dizer por quanto tempo, após o fim da leitura, esse efeitos permanecem. Pra não perder nada, melhor, então, ler um livro atrás do outro.


Fonte: Super Interessante - Ciência maluca - Carol Castro

Entre Demônios — Rafael Valdes (Citação)

 
   "Nas ruas, eu vejo vultos, vejo pessoas que parecem não estar lá, como se não fossem de carne e osso, vejo gente que um segundo depois não está mais lá, escuto passos me seguindo, mas não vejo de quem são.

    Os passos, os seres voadores e os vultos se tornam mais frequentes, começo a me sentir cercado. As luzes da rua piscam, os intervalos de luzes acesas diminui e os momentos de escuridão aumentam, até que estou no completo breu, a luz da lua parece insuficiente para clarear, chego a sentir suspiros de terror a alguns centímetros do meu ouvido, tenho a impressão de ver rostos demoníacos aparecer e desaparecer na escuridão, escuto vozes que sussurram sem dizer nada que seja compreensível, percebo que mãos quentes me tocam, quentes como água morna que por pouco não me queimam. A escuridão é interrompida por uma luz alaranjada como fogo, na minha frente surge uma criatura, só vejo sua silhueta em meio às chamas, vejo asas e chifres, algo imenso, da altura de um poste de luz, algo que não teria como estar escondido.

    Eu corro, não sei para onde, vejo as criaturas demoníacas saindo da frente, vejo os rostos monstruosos com mais frequência quanto maior a velocidade que corro, sinto algo segurando meu pé e me derrubando no chão, minha cabeça bate e dói, isso não parece apenas um pesadelo, meus olhos se fecham aos poucos quando vejo uma sombra de algo parecido com um homem se aproximando."

(Trecho do livro: Entre Demônios, por Rafael Valdes)



    Achei esse site: Entre Demônios, nele o Rafael Valdes fala sobre a criação independente dele, o livro Entre Demônios. 

Antimatéria

    1 grama de antimatéria seria capaz de abastecer a cidade de São Paulo durante 24h ou mover um carro por 10 mil km.

O que é antimatéria?
    É o inverso do que é a matéria. Ela é composta de antipartículas, que possuem a mesma característica das partículas (massa e rotação), mas com carga elétrica contrária. É o caso do pósitron, também conhecido como antielétron, que tem carga positiva. Ou do antipróton, que, diferente do próton, é negativo. O conceito de antimatéria foi proposto pelo físico inglês Paulo Dirac em 1928. Ele revisou a equação de Einstein, considerando que a massa também poderia ser negativa. Sendo assim, a fórmula ficaria: E=+ou-mc2. Com base na teoria, a comunidade científica passou a estudar o tema mais a fundo e descobriu uma potente fonte de energia, com 100% de aproveitamento. Hoje, o grande desafio é conseguir produzi-la em grande quantidade - já que ela não é encontrada na Terra.

    A explosão causada pelo encontro da matéria e da antimatéria gera energia em forma de raio gama - que possui 10 mil vezes mais energia que o raio solar e o raio X.

Elogio da Loucura — Erasmo de Roterdã (Citação)

    "Todas as coisas humanas têm dois aspectos... para dizer a verdade todo este mundo não é senão uma sombra e uma aparência; mas esta grande e interminável comédia não pode representar-se de um outro modo. Tudo na vida é tão obscuro, tão diverso, tão oposto, que não podemos nos assegurar de nenhuma verdade."

               
                   Elogio da Loucura (Erasmo de Roterdã)

O deus que não estava lá - The god who wasn't there


    O Deus que não estava lá (The God Who Wasn't There, 2005) é um documentário de Brian Flemming incluindo, entre outros, Richard Dawnkins, que objetiva questionar os dogmas do Cristianismo. Brian foi levado a estudar em um colégio religioso por seus pais, até então, tempos depois começar a perceber que estava sendo levado a acreditar em fé e não em evidências. Talvez por isso Brian sentiu-se motivado a criar o documentário, como forma de tentar abrir os olhos de pais e crianças que são condicionados a se guiarem pela fé, sem questionar as evidências.

    Essa é uma realidade ainda muito comum nos EUA que assim como o Brasil conta com um eleitorado religioso significativo, o que se constitui como um perigo ao bem-estar de uma nação. A escola que Brian estudou ainda existe e ele mesmo vai até o diretor da instituição para questioná-lo, uma das melhores partes do documentário. Não se trata de nenhuma grande produção cinematográfica, as imagens muitas vezes chegam a ficar uma chatice, aquele que quiser apreciar tem que estar ligado no conteúdo que o documentário deseja passar. Do restante o documentário segue através de entrevistas com historiadores, cientistas e religiosos. A idéia norte do documentário é levar o espectador acostumado a acreditar na fé a questionar-se: e se eu estiver errado? -- Ao longo, muitos cristãos são entrevistados e deixam evidente que simplesmente acreditam porque são levados a acreditar que essa é a verdade, pois a maioria deles não sabem dizer sobre quando Jesus Cristo possivelmente nasceu, onde, os costumes da época, etc. Além de dizer que Jesus é o "Salvador".

Alive — Korn


I am alive, I will never run away
Places inside, my heart screams inside with pride
Once I cried, now I wipe away the tears
Once I died, now I'm alive
        ...
Eu estou vivo, eu nunca mais irei fugir
Em meu interior, meu coração grita com orgulho
Uma vez eu chorei, agora eu enxugo as lágrimas
Uma vez eu morri, agora eu estou vivo

Banda (Korn)
Música: (Alive)

Bukowski


“Observava as pessoas à distância, como numa peça de teatro. Apenas eles estavam no palco e eu era plateia de um homem só.”

              (Bukowski)


Leonor — Edgar Allan Poe


    "Os homens chamaram-me louco; mas ainda não está resolvido o problema, se a loucura é ou não a suprema inteligência, se muito do que é glorioso, ­se tudo o que é profundo, não tem a sua origem numa doença do pensamento, ­em modalidades do espírito exaltadas a custa das faculdades gerais. Aqueles que sonham de dia sabem muitas coisas que escapam àqueles que somente de noite sonham. Nas suas vagas visões obtêm relances de eternidade e, quando despertam, estremecem ao verem que estiveram mesmo à beira do grande segredo."

                     Leonor (Edgar Allan Poe)


Inconstância das coisas do mundo — Gregório de Matos


Nasce o sol e não dura mais que um dia.
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o sol, porque nascia?
Se é tão formosa a luz, porque não dura?
Como a beleza assim se trasfigura?
Como o gosto da pena assim se fia? 

Mas no sol e na luz falta a firmeza;
Na formosura, não se dê constância
E, na alegria, sinta-se tristeza.

Começa o mundo, enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza:
A firmeza somente na inconstância.

      Inconstância das coisas do mundo (Gregório de Matos)


Cartas de amor a Heloísa — Graciliano Ramos


Dizes que brevemente
serás a metade de minha alma.

A metade?
Brevemente?
Não: já agora és,
não a metade, mas toda.

Dou-te a minha alma inteira,
deixe-me apenas uma pequena parte
para que eu possa existir por algum tempo
e adorar-te.

        Cartas de amor a Heloísa (Graciliano Ramos)