A efêmera eternidade do sonho — Fagundes Varela


Uma triste cabeça de mármore, rolando
pela estreita ladeira da mansão em ruína,
imobiliza-se entre a relva silenciosa
do abandono.

Na expressão de pedra, os olhos fitam
o escombros que se iluminam
com o esplendor da manhã.
Resto de estátua, resto de sonho...

Olhos que parecem surpresos
diante da ruína do solar
e diante da própria ruína...
E traduzem o engano
das mãos do artista
que pensou gravar na pedra
a eternidade do sonho.


Fagundes Varela



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