Nem dei pela minha vida...
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.
Porque um domingo é família,
É bem-estar, é singeleza,
Não têm bem-estar nem família).
O pobre moço das ânsias...
Que me abismaste nas ânsias.
Ao ver que ganhava os céus.
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que protejo:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projeto.
Tenho a alma amortalhada,
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... Mas recordo
Que vem na tarde doirada.
(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que sonhei!... )
E sinto que a minha morte -
Existe lá longe, ao norte,
Pintado em rolos de fumo,
Em sombra e além me sumo.
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Em face dessas mãos brancas...
Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas pra se dar...
Ninguém mas quis apertar...
Tristes mãos longas e lindas...
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...
Desceu-me n'alma o crepúsculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.
E, louco, não enlouqueço...
Eu sigo-a, mas permaneço...